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Foto do escritorRuth Ambrosio

Pecados da língua


Foto: Google.



TEXTO BÍBLICO: EFÉSIOS 4.22-32


Se vocês pudessem comer suas palavras, que sabor elas teriam? 

Geralmente, quando falamos em pecados da língua, nossa tendência é logo pensar em fofoca e difamação. De fato, esses dois são os pecados que identificamos com maior facilidade, porém, há outros que nós negligenciamos ainda mais que esses. A fofoca e a difamação logo são nossos alvos porque até mesmo fora do contexto cristão e de pessoas que buscam santidade isso é muito abominado. Mas, será que pecamos com nossa língua apenas quando fofocamos ou difamamos alguém? Será que existem outros pecados que se manifestam por meio de nossa fala? Infelizmente, sim! A Bíblia nos dá várias advertências sobre o mau uso de nossa língua. Só no livro de Provérbios, nós temos mais de 60 dessas advertências. E nós vamos perceber, mais uma vez, que o problema não é simplesmente a nossa língua, mas o nosso coração.


Sabendo disso, vamos pensar especificamente sobre 5 pecados da língua: a fofoca, a difamação, a murmuração, a palavra suja e a palavra dura.


  1. Fofoca (mexerico): O pastor Matthew Mitchell definiu a fofoca de uma maneira muito simples e direta como: espalhar más notícias pelas costas de outra pessoa como fruto de um coração mau. Eu quero só acrescentar aqui que, mesmo que a notícia seja boa, se você não tem relação nenhuma com essa notícia e a espalha indiscriminadamente, ela se torna fofoca.  Por isso, eu separei fofoca e difamação, pois apesar de serem sinônimas, a fofoca não se resume a algo ruim que se conta sobre alguém, mas sim, qualquer coisa que se conta sobre alguém que não tenha relação alguma com você.


  • Sinônimos de fofoca: Mexerico ou bisbilhotice: mexerico, bisbilhotice, fuxico, futrica, cochicho, indiscrição, dito, intriga, intromissão, difamação, maledicência, calúnia, detração, detratação. Boatos sobre a vida dos outros: boato, falatório, diz-que-diz, balela, especulação, enredo, comentário, murmuração, novidade.


Em vários textos bíblicos, nós temos alertas sobre esse pecado. Nós somos orientados, por exemplo, a não andar com o mexeriqueiro, pois o destino dele não é nada bom. Consequentemente, isso já deve nos servir de instrução para que também não sejamos assim. A fofoca, inclusive, está listada entre aqueles pecados de Romanos 1 (vv. 29-30). O livro de Provérbios está repleto de textos que falam sobre os danos e consequências de falar demais e espalhar fofocas. Inclusive, a fofoca está listada entre as coisas que Deus abomina no texto de Provérbios 6.16-19. Infelizmente, a fofoca não é um mal apenas dos incrédulos. É um problema sério que acontece de maneira velada em nossas igrejas. Nós, quase sempre, caímos na tentação da fofoca. Porém, assim como qualquer outro pecado, nós precisamos reconhecer, admitir, confessar, nos arrepender e abandonar. Por mais tentador que seja, nós precisamos lutar contra esse pecado. Se você é alguém que não resiste a uma informação nova e já quer ficar sabendo ou sair contando, arrependa-se disso e abandone essa prática. Se você é alguém que não consegue guardar um segredo, evite, então, ter acesso a segredos que não sejam os seus. E sempre pense: por que as pessoas se sentem tão confortáveis em falar dos outros para você?


  1. Difamação (calúnia): No livro Pecados Intocáveis, Jerry Bridges traz esta breve definição de difamação: dizer falsidade ou distorções que prejudicam a reputação de alguém. Só essa definição da palavra já deveria nos fazer correr para longe disso, mas vamos pensar sobre a definição do dicionário também:


  • Dicionário Oxford: Perda da boa fama; descrédito. No direito: imputação ofensiva de fato(s) que atenta(m) contra a honra e a reputação de alguém, com a intenção de torná-lo passível de descrédito na opinião pública.

  • Sinônimos de difamação: fofoca, detração, calúnia, desonra, maledicência, mordacidade, ultraje.


Infelizmente, também vemos muito disso acontecer em nosso meio. Nós temos sempre a tendência de ver o erro e o pecado dos outros com muito mais facilidade do que vemos o nosso, geralmente, porque estamos com a trave no olho, então, não enxergamos bem. Porém, o problema não é enxergar o pecado do outro, mas a maneira como lidamos com isso. Quando vemos pessoas próximas errando, pecando, nós temos que agir com misericórdia, existe uma maneira de lidar com isso. Jesus ensinou que devemos fazer isso diretamente com a pessoa (Mateus 18). A difamação é uma oposição a Deus, pois ela visa destruir alguém em quem Deus está trabalhando para restaurar.



ATENÇÃO: Quando de trata de dizer uma coisa que é verdade, um fato, ainda assim, deve ser analisado se não estamos fazendo fofoca ou difamando alguém, pois, não é porque uma coisa é verdade que ela precisa ser dita, ainda mais se você ou a pessoa pra quem você está contando não fazem parte do problema e nem da solução.


  1. Murmuração: De acordo com a definição da Bíblia de Estudo NVT, o murmurador é: aquele que se queixa por insatisfação. Toda insatisfação, no fundo e no fim de tudo, é contra Deus e, por isso, é pecado. Mas, vamos ver, também, a definição do dicionário:


  • Dicionário Oxford: ato ou efeito de murmurar; murmúrio, rumor infundado; boato, falatório.

  • Sinônimos de murmuração: mexerico, boato, falatório, maledicência, cício, murmúrio, sussurro, calúnia, detração.


A Bíblia também é clara em apontar que a murmuração é algo que desagrada a Deus e, portanto, uma prática que devemos abandonar. Quando murmuramos, estamos expressando nossa insatisfação e descontentamento contra Deus e tudo que Ele faz. A murmuração é o reflexo de um coração amargo e descontente com Deus.


  1. Palavra suja: Esse é outro aspecto que nem deveríamos precisar falar, mas vamos pensar um pouco mais profundamente sobre isso. Talvez você não seja a pessoa que solta palavrões e gírias sujas por aí. Eu, realmente, espero que não seja um hábito seu. Porém, a palavra suja, é bem mais que isso. O texto de Efésios 5.3 diz que nós não devemos sequer mencionar coisas imorais, impuras ou afins. Muitas vezes, nós repetimos ou participamos de piadas e brincadeiras que estão repletas disso. Nós devemos lembrar que a boca fala (e ri) do que está cheio o nosso coração. Não podemos nos deixar levar pelo modo de falar do mundo. Essas coisas sequer devem ser mencionadas em nosso meio, pois é isso que convém aos santos. Nossas palavras precisam edificar e transmitir graça aos que ouvem!


  1. Palavra dura: Nesse ponto eu quero destacar uma coisa delicada. Muitas vezes, algumas pessoas, por uma questão de personalidade mesmo, tendem a ser um pouco mais secas ou ríspidas. Porém, nós precisamos ter cuidado para que isso não se torne uma desculpa a mais para destratarmos nossos irmãos. O texto conhecido de Provérbios 15.1 diz que a palavra branda desvia o furor, mas a palavra dura desperta a ira. Quantas vezes nós já desmontamos uma briga simplesmente por respondermos calmamente? E quantas vezes nós colocamos fogo em uma briga simplesmente por sermos ásperas? A maneira como falamos faz muita diferença. Nós precisamos ser equilibradas em nosso jeito de falar. Não há necessidade de ir ao extremo de nos tornarmos bajuladoras, mas precisamos saber ser firmes sem ferir as pessoas. Precisamos aprender a temperar nossas palavras corretamente!


Mas, afinal, como lidamos com tudo isso na prática? À medida que Deus renova nosso ser interior, nosso discurso muda e passa a ser alinhado com o que agrada a Deus. Na prática, nós precisamos mudar e adotar algumas atitudes para que essa mudança ocorra.

  1. Ore a Deus. Essa é a mais importante! Clame a Ele por misericórdia diante do grande desafio de refrear a língua. Fale com outras pessoas somente se ela/ele fizerem parte do problema ou da solução. 

  2. Lembre-se que quase todos os pecados claramente explícitos nas Escrituras (ver os frutos da carne em Gálatas 5.19-21 e as coisas que entristecem o Espírito em Efésios 4.30-31) podem ser cometidos e expressados pelo nosso falar e que nós prestaremos conta de toda palavra inútil que falarmos (Mateus 12.36-37).

  3. Se você tiver um problema com alguém, fale diretamente com a pessoa, em espírito de humildade e desejo de restauração (Mateus 18.15). 

  4. Se a situação não for resolvida entre vocês, leve para quem está em posição de autoridade para mediar a solução (Mateus 18.15-20). 

  5. Procure proteger a vítima da calúnia. O amor cobre todas as transgressões (Provérbios 10.12). 

  6. Se você tem dificuldade em guardar segredos e/ou tem curiosidade para saber de situações que não dizem respeito à sua vida procure alguém de confiança com quem você possa compartilhar sobre essa dificuldade para que te ajude em oração e na vigilância para que você não caia nessa tentação frequentemente.

  7. Fale conforme a necessidade, não fale demais e fale buscando sempre conceder graça aos que ouvem (Efésios 4.29). 


A transformação da língua não vem de nossa própria força. Tudo isso, nós só conseguiremos alcançar na dependência do Espírito Santo, orando para que nosso falar seja transformado. Ter consciência dos pecados que cometemos com a língua é importante, pois, assim, sabemos que há esperança de redenção para esses pecados em Cristo Jesus.


E é claro que não podemos deixar de mencionar o texto de Tiago 3.1-12. Eu quis deixar esse texto para concluirmos, pois ele mostra, realmente, o perigo que é a nossa língua. Ele diz que ela é fogo, um mundo de maldade, um pequeno órgão do nosso corpo que contamina todo ele. É um alerta sério, forte, enfático e necessário, mas que nós negligenciamos tanto. Comparar a língua ao fogo é algo sério, pois nós sabemos o poder devastador do fogo. Ele destrói sem deixar chance de reconstrução e, muitas vezes, são danos assim que causamos ao nosso próximo com nossa língua. Especialmente em tempos de redes sociais, onde todos têm voz e falam o que quiserem sem limites de alcance, precisamos ter cuidado com isso. 

Por isso, quero concluir compartilhando o desejo e oração do salmista no Salmo 19.14:

“As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, Senhor, rocha minha e redentor meu!”




Referências bíblicas sobre o uso da língua:


  • Salmo 35.15-17: quando os inimigos de Davi falaram contra ele

  • Levítico 19.16: não ande com o mexeriqueiro

  • Salmo 101.5: advertência ao caluniador

  • Marcos 7.20-23: são os males de dentro do coração que contaminam

  • Romanos 1.28-30: a fofoca e difamação estão listados entre os terríveis pecados desta passagem

  • 2 Timóteo 3.1-5: as pessoas dos últimos tempos são caracterizadas pela calúnia

  • 2 Coríntios 12.20-21: advertências a quem é caracterizados pela fofoca e difamação

  • Mateus 15.18-20: a calúnia está no coração, de onde provém as coisas que nos contaminam

  • Colossenses 3.8-10: devemos nos despojar da maledicência

  • 1 Coríntios 10.28-31: legalistas difamam quem não segue seus padrões

  • Salmo 15.1-3: o justo fala a verdade e não difama

  • 1 Pedro 2.12: devemos ter comportamento exemplar e não difamar

  • 1 Pedro 3.14-17: o que devemos fazer quando formos difamadas

  • 1 Coríntios 4.13: o que devemos fazer quando formos difamadas

  • 1 Timóteo 3.11: a mulher de honra não fofoca

  • Tito 2.3: a mulher de honra não é caluniadora e devemos ensinar isso às mais jovens

  • 1 Timóteo 5.13: as viúvas devem se casar novamente para não se tornarem fofoqueiras

  • Efésios 4.31-32: devemos substituir a difamação por bondade, compaixão e perdão

  • Mateus 12.36: prestaremos conta de toda palavra inútil

  • Tiago 3.1-12: alerta sobre o poder da língua

  • Efésios 4.29: como lidar com os pecados da língua

  • Mateus 12.34: a boca fala do que está cheio o coração

  • Salmo 19.14: que as palavras da minha boca e a meditação do meu coração sejam agradáveis a Ti

  • Lucas 6.45: as palavras manifestam o que há em nosso coração

  • Marcos 7.20-23: a língua manifesta o coração

  • Tiago 1.26: refrear a língua

  • Salmo 34.12-13: refrear a língua

  • Mateus 18.15: se alguém pecou contra você, fale com ele direta e primeiramente

  • Tiago 4.11-12: não falem mal uns dos outros, você não é juiz do seu irmão

  • Mateus 7.3-5: lide com a trave no seu olho antes de querer apontar o cisco no olho do outro

  • Colossenses 4.6: devemos ter palavras agradáveis

  • 1 Pedro 4.14-15: sofrer afrontas pelo nome de Cristo, é motivo de alegria

  • Salmo 141.3-4: quando falam de mim sem razão

  • Salmo 39.1: guardar os lábios para não pecar

  • Tiago 1.19: devemos prontos para ouvir e tardios para falar e nos irar

  • 1 Pedro 3:9: como agir quando for injuriado

  • Lucas 12:3: o que for dito escondido será trazido à luz

  • Salmo 120:2: livramento dos lábios enganosos e da língua enganadora

  • Tiago 1.26: sem refrear a língua, sua religião não vale nada

  • Efésios 5.3-12: palavras sujas não devem sequer ser mencionadas por nós

  • Provérbios 4.24: devemos desviar da falsidade e da perversidade dos lábios

  • Provérbios 6.12-14: a língua manifesta o coração

  • Provérbios 6.16-19: as coisas que Deus odeia e abomina

  • Provérbios 8.13: o temor do Senhor odeia a boca perversa

  • Provérbios 10.11 e 31: a língua manifesta o coração

  • Provérbios 10.18-19: difamadores são tolos

  • Provérbios 10.20-21: a língua do justo e do perverso

  • Provérbios 10.31-32: a língua do justo e do perverso

  • Provérbios 10.11: a língua do justo e do perverso

  • Provérbios 11.9: o hipócrita danifica o próximo, o justo é libertado pelo conhecimento

  • Provérbios 11.13: o mexeriqueiro descobre segredos, mas o fiel de espírito guarda

  • Provérbios 12.18: a tagarelice é como espada

  • Provérbios 12.22: a língua do justo e do perverso

  • Provérbios 13.3: quem guarda a boca, guarda a alma, quem fala demais, pode se arruinar

  • Provérbios 14.3: a boca do insensato é vara para a própria soberba

  • Provérbios 14.33: a língua manifesta o coração

  • Provérbios 15.1: a palavra branda desvia o furor

  • Provérbios 15.2: a língua manifesta o coração

  • Provérbios 15.4: a perversidade da língua quebranta o espírito

  • Provérbios 15.23: a palavra a seu tempo é boa

  • Provérbios 16.23: o coração do sábio é mestre de sua boca

  • Provérbios 16.24: palavras agradáveis são medicina para o corpo

  • Provérbios 16.28: a difamação separa amizades

  • Provérbios 17.4: sobre dar ouvidos a fofocas e difamações

  • Provérbios 17.20: perverso de coração e língua dobre

  • Provérbios 17.27: reter as palavras é sinal de conhecimento

  • Provérbios 17.28: até o tolo é tido por sábio quando fica calado

  • Provérbios 18:2: o tolo só quer saber de colocar o que está no coração para fora

  • Provérbios 18.6: o tolo entra em contendas

  • Provérbios 18.7: a boca do insensato

  • Provérbios 18.8: palavras do maldizente

  • Provérbios 18:20: do fruto do nossos lábios somos “alimentados”

  • Provérbios 18.21: a morte a vida estão no poder da língua

  • Provérbios 19:9: advertência para a falsa testemunha

  • Provérbios 20.19: não se envolva com mexeriqueiros

  • Provérbios 20.3: o insensato se mete em brigas

  • Provérbios 21.23: quem guarda a língua, guarda a alma de angústias

  • Provérbios 25.2: a glória de Deus é manter o segredo,  a vanglória é procurar saber demais

  • Provérbios 25.9: se alguém pecou contra você, fale com ele direta e primeiramente

  • Provérbios 25.11: as palavras ditas no tempo certo, são tesouros

  • Provérbios 26.17: quem se mete e mexerica em tudo é louco

  • Provérbios 26.28: a língua falsa e a boca lisonjeira

  • Provérbios 26.20: sem o maldizente, não há contenda

  • Provérbios 26.23: lábios amorosos e coração maligno

  • Provérbios 26.24-25: língua falsa

  • Provérbios 27.5-6: melhor é a repreensão de quem ama

  • Provérbios 28.23: é melhor repreender em verdade e amor que lisonjear


VAMOS PRATICAR!


  1. Memorize o versículo:

'Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça no falar, é um indivíduo perfeito, capaz de refrear também todo o corpo. '

Tiago 3:2


  1. Medite no versículo acima. Existe algum pecado apontado pela Bíblia explicitamente (ver os frutos da carne em Gálatas 5.19-21 e as coisas que entristecem o Espírito em Efésios 4.30-31) que você tem cometido com o mau uso da língua? Se sim, ore a Deus confessando e pedindo perdão e misericórdia. Se não, ore a Deus agradecendo a Deus por Ele estar transformando e purificando seu discurso.

  2. Pense em quais outros pecados podem ser expressados pela nossa fala. Quais têm sido mais desafiadores para você? De que maneira ou quais atitudes você pode tomar a partir de hoje para lidar com esses desafios?

  3. Se você pudesse comer suas palavras, que sabor elas teriam? Se outras pessoas fossem comer suas palavras, que sabor elas teriam?

  4. O que as pessoas próximas (marido, filhos, pais, avós, amigos, irmãos), que convivem com você em casa dizem sobre a maneira como você se comunica, sobre o sabor de suas palavras e sobre a sua habilidade - ou não - de guardar segredos? Converse sinceramente com eles sobre isso e ore sobre o que eles dirão a seu respeito. 

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